sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A cultura popular reverencia Nossa Senhora

Quando a Romaria Fluvial chega ao fim, é sinal de que imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré desembarcou no cai do porto na escadinha da Estação das Docas em Belém. É nesse momento que o Arraial do Pavulagem presta sua homenagem, no instante em que a santa passa em frente à comitiva Batalhão da Estrela para percorrer a Avenida Presidente Vargas. Músicos, dançarinos, pernas-de-pau, entre outros brincantes da comitiva executam o hino do Círio de Nazaré, “Vós sois o lírio mimoso”, ao som de mazurca, um dos ritmos da Marujada de Bragança. Neste sábado, 8 de outubro, esse ritual completa sua 12ª edição com o Arrastão do Círio.
O Arrastão é um cortejo de rua criado pelo Instituto Arraial do Pavulagem em 2000. Ele reverencia a Virgem de Nazaré e celebra a cultura popular ao trazer para o cortejo o universo dos brinquedos de miriti, tão característicos desse período. Este ano 50 girândolas substituem a tradicional cobra de miriti - carregada pelos brincantes durante o trajeto do Arrastão, que sai da frente da Estação das Docas, percorre o Ver-o-Peso até chegar à Praça do Carmo, na Cidade Velha.
Neste sábado, a professora de educação infantil Jocelma Pantoja, 48, vai aproveitar a chance de ficar pertinho da santa, para mais uma vez agradecer e pedir. Há nove anos, ela integrante o Batalhão da Estrela e desde seu primeiro Arrastão do Círio se deixa levar pela emoção do momento de homenagear a padroeira dos paraenses. “Eu acredito muito nela. Tudo o que tenho é graças a ela, minha casa, minhas coisas. Sempre tem algo diferente em cada Arrastão, tem algo a agradecer”, afirma.
O cortejo, além de homenagear a Rainha da Amazônia, tem ainda como proposta apresentar para o público local e para o povo que vem de outras cidades, estados e, até mesmo, de outros países, a cultura produzida na região.
  “O Batalhão tem um papel de dar sustentação rítmica ao cortejo, é onde a gente pode pesquisar, receber os ritmos nos instrumentos, até mesmo de instrumentos que não tem originariamente esses ritmos. Tudo isso é trazido para o cortejo. Aí tem a orquestra de metais que toca a melodia do ‘Vós sois o lírio mimoso’. É uma coisa bem homenagem mesmo. Naquele momento todos nos chegamos bem perto da santa, depois a gente vai pro lado profano da festa”, explica Rafael Barros, condutor do Batalhão da Estrela. É a oportunidade para apresentar sonoridades como pássaro, carimbó, boi e mazurca, os ritmos tocados pelo Batalhão da Estrela no Arrastão do Círio. O Batalhão é uma comitiva formada por músicos, percussionistas, pernas-de-pau, os brincantes que são responsáveis por dar vida à festa.
“A gente foi colocando brinquedos [como o grupo chama os cortejos], a medida que vimos a necessidade de estar presente nos ciclos culturais da cidade. Resolvemos usar a exposição dos outros cortejos e criar um específico, com os motivos do Círio. Circula uma energia poderosa ali, porque o Batalhão fica bem pertinho da santa, me seduz a energia das pessoas, esse arrepio que dá na gente quando ela passa”, define Júnior Soares, um dos fundadores do grupo Arraial do Pavulagem.
Valsa dos Roc Roc
Um minuto de silêncio do público, para que seja possível ouvir apenas o som dos brinquedos. O roc-roc (também chamado de corró-corró) nasceu com a tradição, no berço lúdico da criação humana, seu papel é comunicar a existência dos outros brinquedos, encantando crianças e adultos, diante da magia e do fascínio de brincar, festejar, celebrar.
Os músicos do grupo Arraial do Pavulagem continuam a festa, num palco montado na Praça para receber atrações musicais de várias partes de Belém e do Estado. Todos para também homenagear Nossa Senhora, tocando os ritmos da região amazônica.
Apoios e Parcerias
Apoio Funtelpa, Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves e IPHAN, Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Polícia Militar, Governo do Pará, além da Prefeitura de Belém, Conexão Vivo, Serviço de Atendimento Médico de Emergência e Resgate (Samer), Sindifisco, Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves e IPHAN, Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Associação Cidade Velha – Cidade Velha.
O Arraial da Pavulagem faz parte do programa Conexão Vivo, da operadora Vivo. O programa incentiva a área musical e tem, como um de seus principais propósitos, criar uma rede que celebre a riqueza e a diversidade da cultura brasileira, permitindo a valorização do patrimônio nacional, a troca de conhecimentos e experiências, o intercâmbio artístico, a participação de toda a comunidade, contribuindo assim, para a evolução do mercado cultural brasileiro.
Serviço:
Arrastão do Círio 2011, sábado, 8 de outubro. Concentração: 10h, nas proximidades da Praça dos Estivadores, rua Boulevard Castilhos França. Início com a chegada da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré na escadinha da Estação das Docas





terça-feira, 12 de julho de 2011

Uma foto esférica

Foto de Leonardo Mendonça durante um dos Arrastões do Pavulagem

Durante os Arrastões do Boi Pavulagem recebemos o link de um blog especializado em fotografias esféricas, o www.esferoblog.com.br/. Uma das imagens mostrava a concentração do nosso cortejo na Praça dos Estivadores e com o movimento do mouse era possível acompanhar o efeito da foto em 360º (veja aqui). Indicamos o endereço no Facebook e no Ttwitter e todo mundo quis saber um pouco mais sobre esse trabalho. Por isso, fomos entrevistar o autor da obra, o fotógrafo Leonardo Mendonça, de 34 anos.

Leonardo nasceu no Rio de Janeiro e mora há 15 anos em Belém. E foi na capital paraense que ele criou o Esferoblog, para divulgar os trabalhos que desenvolve em parceria com a Spherovision Brasil. “É a ramificação de uma empresa alemã, que é a maior empresa de edição de fotografias esféricas do mundo”, afirma Leonardo Mendonça

O fotógrafo veio morar em Belém porque o dinheiro do trabalho dele no Rio não dava nem para pagar as contas. “E muito menos o meu estudo, daí pintou uma bolsa no colégio Impacto e eu vim terminar o meu ensino médio em Belém do Pará, e como diz a música quem vai ao Pará para, toma açaí..., estou aqui até hoje”, diz Mendonça.

A fotografia sempre foi uma grande paixão de Leonardo. Mas, ele nunca tinha dinheiro para fazer um curso na área ou comprar um equipamento. Essa realidade só mudou, quando ele começou a trabalhar e teve dinheiro suficiente para investir no que realmente gostava. “Me inscrevi no curso do Miguel Chikaoka e comprei uma câmera Yashica FX-D, do fotógrafo Ricardo Ferro, daí pra frente eu continuei estudando e acabei fazendo da fotografia a minha profissão”, lembra.


Um estudioso fotográfico – O início das pesquisas coma  técnica da fotografia esférica foi um caminho natural pra quem gosta de mergulhar em estudos sobre arte de fotografar. “Eu realmente gosto de estudar as diversas formas que a fotografia pode tomar, e tive a sorte de em um trabalho conhecer os responsáveis por trazer a Spherovision para o Brasil. Fui convidado a aprender e repassar o procedimento de captação padrão usado pela Spherovision da Alemanha para outros fotógrafos”, conta Leonardo.

Até então, o pesquisador-fotógrafo não sabia nada sobre a fotografia esférica. E partir daí, ele começou a fazer testes e a receber orientações da empresa alemã sobre como deveria fotografar. “Esse tipo de fotografia exige que sejam observados alguns procedimentos para sua correta confecção”, destaca.

Leonardo já havia fotografado um cortejo do Arraial do Pavulagem em outro momeno. Foi quando  teve o primeiro contato com essa manifestação cultural, que ele considera ‘rica’ em cores e ritmos, além de desafiadora para a técnica fotográfica com a qual  trabalha. “O registro no cortejo foi um grande desafio, pois fazer uma fotografia esférica onde apareçam pessoas em volta como foi feita no cortejo tem um grau de complexidade muito maior do que fotografar um ambiente vazio. As pessoas se mexem constantemente e você não tem como controlá-las”, ressalta.

E nem só de cortejos do Arraial do Pavulagem vive a fotografia de Leonardo. A Cidade Velha, o bairro mais antigo de Belém e onde a capital deu os primeiros passos para sua construção é um dos locais preferidos do fotógrafo. “A arquitetura é linda, a história pulsa em cada monumento e é onde a beleza da cidade fica mais evidente”, opina.

A técnica – Para fazer a fotografia esférica e mostrar esse resultado em 360º, Leonardo Mendonça utiliza alguns equipamentos, boas doses sensibilidade, um olhar apurado para captar os instantes certos e uma edição caprichada.

“Para a fotografia em 360º é necessário um equipamento que fica sobre um tripé, que possibilita captar as imagens nos ângulos corretos, posicionar a câmera em um local que conte a história do que está acontecendo de todos os ângulos, ter paciência e editar as imagens captadas na Spherovision Brasil. Garanto que quem ficou mais encantado fui eu. Embora não seja um frequentador assíduo, já me tornei um integrante do cortejo do Arraial, de coração. Acredito que a fórmula que me levou a chegar aquele resultado foi a alegria dos participantes. Isso acabou me inspirando a ser fiel com a beleza daquele momento”.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Arrastão do Pavulagem chega ao fim

Multidão foi às ruas da capital paraense acompanhar o encerramento da quadra junina do Arraial do Pavulagem

Carimbó, quadrilha, boi-bumbá.  Batuque de alfaias, barricas, marabaixos. Som de maracas, onças, reco-recos, matracas, ganzás, metais. Gente dançando e cantando por todo lado. Colorido e alegria pelas ruas de Belém do Pará, no norte do Brasil. É domingo, 3 de julho, e dia do último Arrastão do Boi Pavulagem  de 2011, o mais antigo cortejo de cultura popular do grupo Arraial do Pavulagem. O evento arrastou mais de 30 mil pessoas para a folia. E marcou a despedida do Arraial da quadra junina, ainda em clima de comemoração pelos 25 anos de atividades culturais na Amazônia, valorizando e divulgando os saberes tradicionais da região.
Roda cantada sob o comando do músico Allan Carvalho

O Arrastão do Pavulagem contou com o patrocínio da VIVO, através da Lei Semear, Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Secretaria de Estado de Cultura e Governo do Pará. A Prefeitura de Belém, a Musikart Produções e uma série de colaboradores apoiaram a realização do evento. O Arrastão saiu da Praça dos Estivadores, depois que o Batalhão da Estrela aqueceu os tambores durante uma roda cantada na concentração do folguedo.

Pontualmente, às 10h30, os mais de 500 brincantes que formam o Batalhão, entre músicos, dançarinos, bonecos cabeçudos, crianças em cavalinhos, senhoras com bandeiras e estandardes e outros integrantes,  percorreram a avenida Presidente Vargas rumo a Praça da República. No local, os mastros de São João, erguidos no último dia 12 de junho, foram derrubados, simbolizando o fim do período junino. Logo após, a banda Arraial do Pavulagem encerrou a programação com um show repleto de participações especiais de artistas do programa CONEXÃO VIVO.


Brincantes percorrem a avenida Presidente Vargas em Belém

Lia Sophia, Felipe Cordeiro, Iva Rothe, Nilson Chaves, Lucinha Bastos, Marco Monteiro e Gaby Amarantos, integram a rede do CONEXÃO VIVO, passaram pelo palco do Pavulagem e deixaram o público em êxtase. “O Trilogia (Nilson, ucinha e Marco) foi o ápice do show”, disse a universitária Pauline Protásio, 19, integrante do Batalhão da Estrela e fã de carteirinha do trio.
O CONEXÃO VIVO  reúne centenas de projetos musicais de todo o Brasil, como o Arraial do Pavulagem. São shows, festivais independentes, gravação de CDs e DVDs, produção de videoclipes, programas de rádio, oficinas e seminários que compõem uma rede nacional e permanente de atividades culturais envolvendo artistas, gestores e produtores culturais, iniciativas públicas e privadas. Além disso, o programa também está presente em muitas das mais importantes iniciativas da cena musical brasileira, seja com o patrocínio de projetos ou parcerias artísticas em eventos de destaque no calendário nacional, e festivais independentes.
Público dança ao som do Arraial do Pavulagem na Pça da República

           Espaço para todos - Outros músicos locais que não integram o programa cultural da VIVO também participaram do show, como Allan Carvalho, o grupo Lúcio Mousinho, Luê Soares, entre outros. 

O universitário Pablo Lopes, de 22 anos, veio de Espírito Santo passar férias na cidade. Paraense de Belém do Pará, ele participou pela primeira vez do cortejo e ficou impressionado com a festa. “Eu nunca tive oportunidade de vir, porque sempre tava trabalhando ou estudando. Achei maravilhoso. Fiquei sabendo através de amigos que me disseram como o evento realça o folclore da região, onde tem alegria, músicas legais, pessoas bonitas e um sentimento de promover a alegria”, opinou.



Batalhão da Estrela
Felipe Cordeiro, depois de se apresentar para a plateia de São Paulo no Terruá Pará – festival organizado pelo Governo Pará que divulga a cultura paraense no sudeste do país  -, se dividia entre a responsabilidade de enfrentar o público ‘pavuleiro’ e a emoção de estar no local.
“É uma alegria sem tamanho. Eu vim tantas vezes acompanhar o Arrastão e a cada ano tem mais gente. Dá um nervoso. O Arraial é um dos movimentos culturais de forte foco na sociedade que mais deram certo na cultura popular brasileira. Espero que cada vez mais o Brasil possa se dar conta dessa conquista de Belém  e da cultura paraense”, desejou Felipe.


Boi Pavulagem

História - A banda Arraial do Pavulagem tem 25 anos de atividades e nasceu no final da década de 80, onde um grupo de músicos e compositores paraenses tinha como proposta valorizar e difundir a música de raiz produzida na região amazônica, além de construir uma relação mais próxima com o público
O Arraial do Pavulagem teve várias formações e atualmente conta com os músicos que fundaram o grupo, Júnior Soares (violonista, arranjador, banjista, cantador, percussionista e compositor) e Ronaldo Silva (compositor, percussionista, cantador e pesquisador), além de novos integrantes: Rafael Barros (percussão), Rubens Stanislaw (contrabaixo), Marcelo Fernandes (guitarra), Edgar Júnior (percussão) e Franklin Furtado (percussão).
Ao longo de mais de duas décadas de existência, o Arraial gravou sete discos: Gente da Nossa Terra (1995), Sotaque do Reggae Boi (1996), Arrastão do Pavulagem (2001), Folias do Marajó (2002), Arraial do Pavulagem – Ao Vivo (2003), Música do Litoral Norte (2004) e Rota da Estrela (2006).  E já percorreu 14 Estados do Brasil pelo projeto Sonora Brasil, do Sesc, em 2006.
Os músicos criaram em 2003 o Instituto Arraial do Pavulagem, uma organização da sociedade civil organizada sem fins lucrativos. O Instituto desenvolve a construção dos cortejos realizados ao longo do ano que saem pela cidade e terminam com shows da banda. São três grandes cortejos: o Cordão do Peixe-Boi (em março), o Arrastão do Boi Pavulagem (durante a quadra junina) e o Arrastão do Círio (em outubro).  Para levar os cortejos para as ruas, ocorrem oficinas e ensaios de dança, percussão, canto popular e artes circenses, além de ofícios partilhados – atividades geradoras de renda feitas por artífices e brincantes que fazem os objetos cênicos dos arrastões.
Desde 2005, as atividades são potencializadas pelo Ponto de Cultura Arraial do Saber, projeto do Instituto em parceria com o Ministério da Cultura, por meio do programa Cultura Viva.

Assessoria de Imprensa Instituto Arraial do Pavulagem – Yorranna Oliveira (91) 9124-6929.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O primeiro Arrastão a gente nunca esquece!




 O pequeno Gabriel talvez seja um barriqueiro no futuro. Com 3 anos de idade, ele já tratou de se iniciar no instrumento, ali mesmo na concentração do 3º Arrastão do Pavulagem de 2011, realizado no último domingo, 26 de junho. O menino, sob os olhos atentos do pai, foi pra cima das barricas do Batalhão da Estrela e começou a batucar. O pai registrava todos os momentos do filho. “É o primeiro Arrastão dele”, dizia.

Gabriel e as barricas
Mas Gabriel não era o único novato no Arrastão do Pavulagem. A Maria Luiza, de 6 meses, já virou brincante no colo da mãe, a bancária paraense Kise Sousa, de 30 anos. Kise, aliás, também é ‘pavuleira’ de primeira viagem.  E a bancária já queria aprender a andar na perna-de-pau. “Mas tem oficina pra quem não sabe andar?”, ela perguntava.  E adiantou que vai fazer assim que abrirem novas inscrições para a oficina de artes circenses. “Eu achei legal, eu vou fazer”, afirmava.

Kise e a filha Maria Luiza

Os pernas-de-pau que encantaram a bancária Kise
Em 2011, a técnica de enfermagem conseguiu driblar os plantões e ter uma folguinha para participar dos cortejos do Arraial do Pavulagem. Aos 34 anos, a belenense do bairro do Telégrafo, se programou para acompanhar todos os quatros arrastões do mês de junho. “Já estou desde o primeiro, e com muito pique. Eu já conhecia o Arraial, porque meu irmão e minha cunhada tocam, mas nunca tive oportunidade de participar”, explicava Cleide, entre passinhos de dança num sol escaldante e um adereço nas mãos.

 Cleide Fonseca se preparando para sair no cortejo
Os irmãos Marcos Lohan e Lorraine vêm desde bebezinhos para os folguedos do Arraial. Mas estreiam na ala feita só para a criançada, o setor dos cavalinhos. Os dois estavam lá se divertindo no meio da garotada e dos novos coleguinhas. A mãe, com a máquina fotográfica em punho, clicava tudo. “Eles gostam do movimento”, resumia Vanessa Oliveira, paraense de Belém do Pará, que teve os filhos no Rio de Janeiro, mas veio criá-los na terra natal.

Pequenos pavuleiros, os irmãos Maros Lohan e Lorraine
Criançada também brinca no folguedo
Arrastão do Pavulagem –
Pelo terceiro domingo consecutivo o Arraial do Pavulagem saiu às ruas da capital paraense para celebrar 25 anos de ações de cultura popular na Amazônia. O Arrastão do Boi Pavulagem representa a quadra junina e levou cerca de 15 mil pessoas, segundo estimativas da Guarda Municipal de Belém, para a Praça da República, onde o cortejo terminou com um show da banda Arraial do Pavulagem  e a participação de artistas como o pequeno Lucas, do Boi Malhadinho, do bairro do Guamá; a poesia de Mestre Apollo, de Caratatetua, no Distrito de Outeiro; o músico Allan Carvalho e a cantora Nazaré Pereira. 

Bois Pavulagem (azul) e Malhadinho na av. Presidente Vargas


O Arrastão do Pavulagem tem patrocínio da VIVO, através da Lei Semear, da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Secretaria de Estado de Cultura e Governo do Pará. O evento conta ainda com o apoio da Prefeitura de Belém e da Musikart Produções. O Arraial do Pavulagem agora também faz do programa CONEXÃO VIVO, composto por mais de uma centena de projetos musicais de todo o Brasil. O programa reúne shows, festivais independentes, gravação de CDs e DVDs, produção de videoclipes, programas de rádio, oficinas e seminários que compõem uma rede nacional e permanente de atividades culturais envolvendo artistas, gestores e produtores culturais, iniciativas públicas e privadas. 

Praça da República tomada pela multidão
No próximo domingo, 3 de julho, o Arraial do Pavulagem encerra a quadra junina com a derrubada dos mastros de São João, erguidos na praça da República no primeiro domingo do folguedo. O evento começa às 9 horas, com uma roda cantada na concentração do evento, na Praça dos Estivadores, localizada na rua Boulevard Castilhos França, esquina com a avenida Presidente Vargas. Em seguida, o cortejo percorre a Presidente Vargas até a Praça da República. 

Texto e Fotos: Yorranna Oliveira

sábado, 25 de junho de 2011

3º Arrastão do Pavulagem de 2011



NESTE DOMINGO, 26 DE JUNHO, TEM O PENÚLTIMO ARRASTÃO DO PAVULAGEM. A CONCENTRAÇÃO DO CORTEJO COMEÇA ÀS 9 HORAS, NA PRAÇA DOS ESTIVADORES, LOCALIZADA NA RUA BOULEVARD CASTILHOS FRANÇA, ESQUINA COM A AVENIDA PRESIDENTE VARGAS.
BAIRRO DA CAMPINA, BELÉM - PARÁ - BRASIL

terça-feira, 21 de junho de 2011

Chamou pavulagem, vaqueiro?

Fotos: Elcimar Neves
 

A terra treme quando o Arrastão do Pavulagem passa. É um tremor que vem da energia e da vibração de quem participa dessa grande festa da cultura popular paraense. Todo domingo, até 3 de julho, vai ser assim,  uma explosão de alegria, cor e música pelas ruas da cidade, levando milhares de pessoas a acompanharem o cortejo pela avenida Presidente Vargas, no centro de Belém, ao som de carimbó, quadrilha e boi-bumbá. O evento termina na Praça da República com o show da banda Arraial do Pavulagem e convidados. A concentração começa a partir das 9 horas, na Praça dos Estivadores, na rua Boulevard Castilhos França, em frente à Estação das Docas. 


Roda cantada na concentração do cortejo

Em 2011, o Arraial do Pavulagem completa 25 anos de atividades culturais na Amazônia e celebra essa história com o Arrastão do Boi Pavulagem, que este ano tem patrocínio da VIVO, através da Lei Semear, da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Secretaria de Estado de Cultura de Governo do Pará. Além disso, o Arraial agora faz parte do programa CONEXÃO VIVO, integrando uma rede composta por mais de cem projetos musicais de todo o Brasil, dialogando e se conectando a um mecanismo inédito de fomento à produção cultural para aproximar toda a comunidade, artistas e produtores em prol do desenvolvimento cultural do país.

Cortejo subindo a avenida Presidente Vargas

No último domingo, 19 de junho, cerca de quatro mil pessoas percorreram a avenida Presidente Vargas ao lado do Batalhão da Estrela e do Boi Pavulagem. O Batalhão é uma comitiva formada em média por 500 brincantes, como dançarinos, pernas-de-pau, percussionistas, cavalinhos, cabeçudos, entre outros participantes. A maioria deles se prepara por quase 30 dias em oficinas e ensaios gratuitos de canto popular, dança, artes circenses e percussão, ministradas por educadores do Instituto Arraial do Pavulagem, uma ONG criada em 2003 pelos músicos do Arraial. 

Criançada na ala dos cavalinhos

A aposentada Sônia Santos, de 62 anos, foi conferir o desempenho do neto, João Pedro, 8 anos. O pequeno João sai  em um dos cavalinho da ala das crianças desde os 4 anos de idade.  “Eu trouxe pra ele dar uma olhada e ele gostou. Agora toda a vez que chega a época ele já convida”, diz.

Bonecos cabeçucos, cultura popular da Amazônia


O Batalhão da Estrela dá ritmo, movimento e vida ao Arrastão, ao mesclar-se com os símbolos da festa: o Boi Pavulagem, os vaqueiros, os bonecos cabeçudos, os mastros de São João erguidos na Praça da República no primeiro domingo do cortejo. Esses elementos se recombinam a bandeiras e estandartes, e aos tradicionais bois convidados para a festa, como os bois ‘Boi Malhadinho’, do Guamá; e ‘Orube’, do Conjunto Satélite. 

Músico da orquestra de metais

O ‘Boi Moleque’, do município de Ponta de Pedras, no interior do Pará, também marcou presença no folguedo. Além dele, Mestre Cardoso, guardião do ‘Boi Ouro Fino’, prestigiou o Arrastão e participou do show da banda Arraial do Pavulagem com suas toadas de boi que encantam adultos e crianças. “Eu sinto uma emoção, me sinto satisfeito”, afirmou, ao se referir aos convites anuais do Arraial do Pavulagem para ter o Mestre no cortejo.

Som que contagia
Quando os músicos do Batalhão da Estrela começam a tocar, o ritmo frenético dos instrumentos penetra o corpo e traduz em movimentos a sonoridade que vem do Batalhão. E em poucos minutos, esses movimentos ganham adeptos involuntários, porque o corpo simplesmente não consegue resistir ao batuque. 

Percussionistas do Batalhão da Estrela

Integrantes do Batalhão da Estrela na avenida Presidente Vargas


A estudante de Nutrição Raquel Carvalho, 30, há quatro anos se deixa levar pelo ritmo do Batalhão. Segundo ela, a emoção das pessoas acaba contagiando todos ao redor. “É a energia e que eles continuem nessa vibração, nessa garra que é muito boa”, desejava Raquel.


Cortejo atravessando o centro de Belém

Há sete anos, desde que o casal Sílvio e Flávio Lopes se conheceu, dia de domingo de junho é no Arrastão do Pavulagem. E a dupla ganhou uma companheira mirim, a filha Sofia, de 3 anos, que já acompanhava na barriga da mãe as folias do Pavulagem. Os olhos de Sofia não tinham tempo para desviar a atenção do cortejo. Eles observavam cada detalhe lá do alto do colo do pai de Sofia. E a menina ainda cantava todas as músicas executadas pelo Batalhão da Estrela.

Pernas de pau do Batalhão da Estrela, magia do circo no folguedo
“Eu só tenho a parabenizar o Arraial, que essa força não acabe nunca. Ele é um ícone da cultura do nosso estado, acho que talvez seja a maior manifestação cultura de Belém hoje”, acredita o coordenador comercial. 

Participações especiais
O Arrastão do Pavulagem saiu às 10h30 da Praça dos Estivadores em Belém e durante um hora percorreu a avenida Presidente Vargas até o destino: a Praça da República. E já havia uma plateia à espera do show da banda Arraial do Pavulagem, que começaria logo após a chedada do cortejo.  

O repertório da banda foi diversificado, mesclando antigas e novas canções e vários ritmos, como xote, carimbó, retumbão, quadrilha, toadas de boi, e contou ainda com participação de artistas da terra, como a cantora Luê Soares, a primeira a se apresentar, com a música ‘Nós Dois’, de Ronaldo Silva e Júnior Soares. Nos bastidores, enquanto aguardava ser chamada, Luê vibrava com a alegria do público que cantava, dançava e pulava a cada música. “Lindo, lindo”, ela dizia, mesmo sendo suspeitíssima para falar, já que um dos fundadores do Pavulagem é seu pai, o músico Júnior Soares.


Mestre Cardoso, guardião do Boi Ouro Fino, de Ourém (PA)

Hellen Patrícia, vocalista da banda Cheiro Verde, também deu uma canja no palco ao cantar “Esse rio é minha rua”, homenagem ao carimbó de Paulo André e Ruy Barata. “É uma alegria imensa estar aqui. Vida longa ao Arraial do Pavulagem. Meu filho de 13 anos vem para todos os arrastões. Desejo mais sucesso ainda ao Arraial, cultivar a nossa cultura é muito importante e eles são essenciais pra isso”, opinou a cantora.

Público durante 'Inciais BP', tradiconal canção do Arraial do Pavulagem

Os artistas Mestre Cardoso, Allan Carvalho e Mestre Apollo, Henrique Sena e Lúcio Mousinho participaram na sequência. O Arraial do Pavulagem encerrou o Arrastão com “Iniciais BP”, um clássico da banda tocado todos os anos, em todos os cortejos e que sempre faz a multidão, estimada em mais de 15 mil pessoas, delirar, jogando o chapéu de palha com fitas coloridas para o alto e enchendo de cor a paisagem.

Apoios e Parcerias:
O Arrastão do Pavulagem é um dos três cortejos culturais desenvolvidos pelo Instituto e pelo grupo Arraial do Pavulagem. Além dos patrocinadores, ele vai para a rua mais uma vez graças ao apoio e a parceira de diversas entidades e órgãos, entre eles:
Projeto Música para Todos II, por meio da Musikart Produções Culturais; Sindifisco; EntreAtos Companhia de ArtesServiço de Atendimento Médico de Emergência e Resgate (Samer); Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará; Polícia Militar;  Fundação Cultural do Município de Belém – (FUMBEL); Secretaria Municipal de Economia (SECON); Secretaria Municipal de Saneamento (SESAN); Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA); Companhia de Transportes do Município de Belém (CTBel), Guarda Municipal de Belém; Prefeitura de Belém.


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Cor e alegria pelas ruas de Belém.

Pra você que foi ou deixou de ir para o 2º Arrastão do Boi Pavulagem, confira as imagens do evento realizado no último domingo, 19 de junho. Fotos: Yorranna Oliveira.


 



segunda-feira, 13 de junho de 2011

Pavulagem do nosso coração

Boi Pavulagem na Avenida Presidente Vargas/Foto: Alexandre Yuri Nascimento

Caminhe por Belém do Pará durante as manhãs de domingo do mês de junho. Você vai ver a paisagem ganhar um pouco mais de cor, música e alegria. As pessoas estão enfeitadas, usam chapéus de palha cheios de fitas coloridas. Elas surgem de todos os cantos: a pé, de carro, ônibus, de bicicleta, skate. Chegam sozinhas, acompanhadas, às vezes até com a família inteira. São de Belém, do interior do Pará, de outras partes do Brasil. Algumas estão ali pela primeira vez, outras não se cansam de acompanhar o Arrastão do Boi Pavulagem. O mais antigo cortejo de cultura popular do grupo Arraial do Pavulagem saiu pela ruas da cidade no último domingo (12), celebrando 25 anos de ações culturais na Amazônia.

“Foi muito lindo, participei pela primeira vez”, disse o estudante Luís Caldas, de 20 anos. Luís saiu no Batalhão da Estrela tocando barrica, depois de passar quase 30 dias entre ensaios e oficinas de percussão realizados pelo Instituto Arraial do Pavulagem. “Eu gosto do estilo, do batuque do Arraial. Desde moleque escuto falar. Com 15 anos comecei a ir pros Arrastões. E só agora pude participar das oficinas e sair no Batalhão. O bom é que você conhece os instrumentos, os ritmos, a história de cada um deles, você está aprendendo sempre”.

Cortejo na Praça da República/Foto: Alexandre Yurii Nascimento

O evento começou por volta das 9 horas, com a tradicional roda cantada na concentração do folguedo na Escadinha do Cais da Estação das Docas. O músico Allan Carvalho e os integrantes do Batalhão da Estrela animaram o público com músicas em ritmo de carimbó, xote, boi-bumbá e quadrilha, enquanto todos aguardavam a chegada do barco que traria os mastros de São João e os bois Pavulagem, Orube e Malhadinho para a saída do Arrastão rumo à Praça da República. 

Logo após o desembarque dos bois e dos mastros em terra firme, o Arrastão do Pavulagem subiu a avenida Presidente Vargas. O trajeto ficou tomado por milhares de pessoas fotografando, cantando e dançando junto ao Batalhão da Estrela – uma comitiva formada por integrantes da orquestra de metais, bonecos cabeçudos, crianças em cavalinhos, senhoras com estandartes e bandeiras dos santos juninos, percussionistas, dançarinos, pernas de pau, músicos do Arraial do Pavulagem, crianças e adolescentes do projeto Orube de Art e Educação, que trouxe do Satélite o Boi Orube. 

Público na Praça da República durante show do Arraial do Pavulagem/Foto: Debóra Flor
Os brincantes se divertiram ainda com as apresentações do Boi Malhadinho e do símbolo da festa: o Boi Pavulagem, além dos mastros de São João, carregados por homens e mulheres do Grupo de Carimbó Sancari, fazendo a alegria dos participantes. Os mastros foram erguidos na Praça da República e só serão retirados no dia 3 de julho, último domingo do Arrastão do Pavulagem, marcando o encerramento da quadra junina amazônica feita pelo Arraial.

 “Nos divertimos muito. O Pavulagem sempre esteve presente no nosso namoro”, disse o casal Kenny Teixeira e Maurício Paz, de 28 e 27 anos. Kenny e Maurício namoram há dois anos e foram comemorar o Dias dos Namorados no Arraial. “Foi depois de um cortejo em junho de 2008 que de fato o namoro começou. Nesse mesmo ano, passando de ônibus em frente ao Centur, descemos correndo pra ver o ensaio, coisa de doido”, lembrou Maurício.

Ronaldo Silva e Júnior Soares, fundadores do Arraial do Pavulagem/Foto: Debóra Flor

Tecnologia a serviço da conexão
Todo o cortejo foi transmitido online através da internet 3G da VIVO, patrocinadora oficial do Arrastão do Pavulagem 2011, por meio da Lei Semear, da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Secult e Governo do Pará.  O mecanismo permitiu que mais de cem pessoas pudessem se conectar ao Arraial e acompanhar de longe cada momento. “Se não fosse pela transmissão, eu nem via”, afirmou o jovem Yan Santos pelo twitter. Yan teve de ajudar na organização de um evento cultural na casa de amigos, de onde conseguiu ver tudo pela internet.

 “Não me considero fã, mas sim amante. Fã é aquele que vai a alguns arrastões perto de casa. Eu ajudo a construir essa história. E tenho tantos shows no meu currículo que dá para fazer um livro contando a emoção de todos. Sempre fui aos shows, às vezes dançava, outras vezes ficava olhando para o violão do Júnior Soares. Como sou músico, comecei a cifrar as músicas e postar na web em sites para quem gosta de tocar, postando nas comunidades do Arraial”, explica Yan.

Agora, o Arraial do Pavulagem integra o programa CONEXÃO VIVO. Mais de uma centena de projetos musicais de todo o país fazem parte do programa, que reúne shows, festivais independentes, gravação de CDs e DVDs, produção de videoclipes, programas de rádio, oficinas e seminários que compõem uma rede nacional e permanente de atividades culturais envolvendo artistas, gestores e produtores culturais, iniciativas públicas e privadas.

Gaby Amarantos em participação no show do Arraial do Pavulagem/Foto de Débora Flor
O CONEXÃO VIVO realiza ao longo do ano um circuito próprio de eventos onde toda essa diversidade de ações ocorre conjuntamente. Além disso, o programa também está presente em muitas das mais importantes iniciativas da cena musical brasileira, seja com o patrocínio de projetos ou parcerias artísticas em eventos de destaque no calendário nacional, e outros festivais independentes.

Os cantores Gaby Amarantos e Ivan Cardoso, artistas do CONEXÃO, participaram do show do grupo Arraial do Pavulagem, iniciado após a cerimônia de levantamento dos mastros de São João na Praça da República. Diva do tecnomelody, Gaby foi a primeira a se apresentar, cantando a música ‘Merengue Latino’. A composição é do músico Ronaldo Silva, um dos fundadores do Arraial, e compõe o repertório do novo disco de Gaby Amarantos. “O babado aqui é forte”, comentou a cantora ao se referir à energia contagiante do público. 

Até 3 de julho tem mais Arraial do Pavulagem. Todos os domingos, a partir das 9 horas na Praça dos Estivadores, em frente à Estação das Docas, esquina com a Avenida Presidente Vargas, em Belém do Pará, Amazônia Brasil!