sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A cultura popular reverencia Nossa Senhora

Quando a Romaria Fluvial chega ao fim, é sinal de que imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré desembarcou no cai do porto na escadinha da Estação das Docas em Belém. É nesse momento que o Arraial do Pavulagem presta sua homenagem, no instante em que a santa passa em frente à comitiva Batalhão da Estrela para percorrer a Avenida Presidente Vargas. Músicos, dançarinos, pernas-de-pau, entre outros brincantes da comitiva executam o hino do Círio de Nazaré, “Vós sois o lírio mimoso”, ao som de mazurca, um dos ritmos da Marujada de Bragança. Neste sábado, 8 de outubro, esse ritual completa sua 12ª edição com o Arrastão do Círio.
O Arrastão é um cortejo de rua criado pelo Instituto Arraial do Pavulagem em 2000. Ele reverencia a Virgem de Nazaré e celebra a cultura popular ao trazer para o cortejo o universo dos brinquedos de miriti, tão característicos desse período. Este ano 50 girândolas substituem a tradicional cobra de miriti - carregada pelos brincantes durante o trajeto do Arrastão, que sai da frente da Estação das Docas, percorre o Ver-o-Peso até chegar à Praça do Carmo, na Cidade Velha.
Neste sábado, a professora de educação infantil Jocelma Pantoja, 48, vai aproveitar a chance de ficar pertinho da santa, para mais uma vez agradecer e pedir. Há nove anos, ela integrante o Batalhão da Estrela e desde seu primeiro Arrastão do Círio se deixa levar pela emoção do momento de homenagear a padroeira dos paraenses. “Eu acredito muito nela. Tudo o que tenho é graças a ela, minha casa, minhas coisas. Sempre tem algo diferente em cada Arrastão, tem algo a agradecer”, afirma.
O cortejo, além de homenagear a Rainha da Amazônia, tem ainda como proposta apresentar para o público local e para o povo que vem de outras cidades, estados e, até mesmo, de outros países, a cultura produzida na região.
  “O Batalhão tem um papel de dar sustentação rítmica ao cortejo, é onde a gente pode pesquisar, receber os ritmos nos instrumentos, até mesmo de instrumentos que não tem originariamente esses ritmos. Tudo isso é trazido para o cortejo. Aí tem a orquestra de metais que toca a melodia do ‘Vós sois o lírio mimoso’. É uma coisa bem homenagem mesmo. Naquele momento todos nos chegamos bem perto da santa, depois a gente vai pro lado profano da festa”, explica Rafael Barros, condutor do Batalhão da Estrela. É a oportunidade para apresentar sonoridades como pássaro, carimbó, boi e mazurca, os ritmos tocados pelo Batalhão da Estrela no Arrastão do Círio. O Batalhão é uma comitiva formada por músicos, percussionistas, pernas-de-pau, os brincantes que são responsáveis por dar vida à festa.
“A gente foi colocando brinquedos [como o grupo chama os cortejos], a medida que vimos a necessidade de estar presente nos ciclos culturais da cidade. Resolvemos usar a exposição dos outros cortejos e criar um específico, com os motivos do Círio. Circula uma energia poderosa ali, porque o Batalhão fica bem pertinho da santa, me seduz a energia das pessoas, esse arrepio que dá na gente quando ela passa”, define Júnior Soares, um dos fundadores do grupo Arraial do Pavulagem.
Valsa dos Roc Roc
Um minuto de silêncio do público, para que seja possível ouvir apenas o som dos brinquedos. O roc-roc (também chamado de corró-corró) nasceu com a tradição, no berço lúdico da criação humana, seu papel é comunicar a existência dos outros brinquedos, encantando crianças e adultos, diante da magia e do fascínio de brincar, festejar, celebrar.
Os músicos do grupo Arraial do Pavulagem continuam a festa, num palco montado na Praça para receber atrações musicais de várias partes de Belém e do Estado. Todos para também homenagear Nossa Senhora, tocando os ritmos da região amazônica.
Apoios e Parcerias
Apoio Funtelpa, Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves e IPHAN, Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Polícia Militar, Governo do Pará, além da Prefeitura de Belém, Conexão Vivo, Serviço de Atendimento Médico de Emergência e Resgate (Samer), Sindifisco, Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves e IPHAN, Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Associação Cidade Velha – Cidade Velha.
O Arraial da Pavulagem faz parte do programa Conexão Vivo, da operadora Vivo. O programa incentiva a área musical e tem, como um de seus principais propósitos, criar uma rede que celebre a riqueza e a diversidade da cultura brasileira, permitindo a valorização do patrimônio nacional, a troca de conhecimentos e experiências, o intercâmbio artístico, a participação de toda a comunidade, contribuindo assim, para a evolução do mercado cultural brasileiro.
Serviço:
Arrastão do Círio 2011, sábado, 8 de outubro. Concentração: 10h, nas proximidades da Praça dos Estivadores, rua Boulevard Castilhos França. Início com a chegada da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré na escadinha da Estação das Docas