terça-feira, 12 de julho de 2011

Uma foto esférica

Foto de Leonardo Mendonça durante um dos Arrastões do Pavulagem

Durante os Arrastões do Boi Pavulagem recebemos o link de um blog especializado em fotografias esféricas, o www.esferoblog.com.br/. Uma das imagens mostrava a concentração do nosso cortejo na Praça dos Estivadores e com o movimento do mouse era possível acompanhar o efeito da foto em 360º (veja aqui). Indicamos o endereço no Facebook e no Ttwitter e todo mundo quis saber um pouco mais sobre esse trabalho. Por isso, fomos entrevistar o autor da obra, o fotógrafo Leonardo Mendonça, de 34 anos.

Leonardo nasceu no Rio de Janeiro e mora há 15 anos em Belém. E foi na capital paraense que ele criou o Esferoblog, para divulgar os trabalhos que desenvolve em parceria com a Spherovision Brasil. “É a ramificação de uma empresa alemã, que é a maior empresa de edição de fotografias esféricas do mundo”, afirma Leonardo Mendonça

O fotógrafo veio morar em Belém porque o dinheiro do trabalho dele no Rio não dava nem para pagar as contas. “E muito menos o meu estudo, daí pintou uma bolsa no colégio Impacto e eu vim terminar o meu ensino médio em Belém do Pará, e como diz a música quem vai ao Pará para, toma açaí..., estou aqui até hoje”, diz Mendonça.

A fotografia sempre foi uma grande paixão de Leonardo. Mas, ele nunca tinha dinheiro para fazer um curso na área ou comprar um equipamento. Essa realidade só mudou, quando ele começou a trabalhar e teve dinheiro suficiente para investir no que realmente gostava. “Me inscrevi no curso do Miguel Chikaoka e comprei uma câmera Yashica FX-D, do fotógrafo Ricardo Ferro, daí pra frente eu continuei estudando e acabei fazendo da fotografia a minha profissão”, lembra.


Um estudioso fotográfico – O início das pesquisas coma  técnica da fotografia esférica foi um caminho natural pra quem gosta de mergulhar em estudos sobre arte de fotografar. “Eu realmente gosto de estudar as diversas formas que a fotografia pode tomar, e tive a sorte de em um trabalho conhecer os responsáveis por trazer a Spherovision para o Brasil. Fui convidado a aprender e repassar o procedimento de captação padrão usado pela Spherovision da Alemanha para outros fotógrafos”, conta Leonardo.

Até então, o pesquisador-fotógrafo não sabia nada sobre a fotografia esférica. E partir daí, ele começou a fazer testes e a receber orientações da empresa alemã sobre como deveria fotografar. “Esse tipo de fotografia exige que sejam observados alguns procedimentos para sua correta confecção”, destaca.

Leonardo já havia fotografado um cortejo do Arraial do Pavulagem em outro momeno. Foi quando  teve o primeiro contato com essa manifestação cultural, que ele considera ‘rica’ em cores e ritmos, além de desafiadora para a técnica fotográfica com a qual  trabalha. “O registro no cortejo foi um grande desafio, pois fazer uma fotografia esférica onde apareçam pessoas em volta como foi feita no cortejo tem um grau de complexidade muito maior do que fotografar um ambiente vazio. As pessoas se mexem constantemente e você não tem como controlá-las”, ressalta.

E nem só de cortejos do Arraial do Pavulagem vive a fotografia de Leonardo. A Cidade Velha, o bairro mais antigo de Belém e onde a capital deu os primeiros passos para sua construção é um dos locais preferidos do fotógrafo. “A arquitetura é linda, a história pulsa em cada monumento e é onde a beleza da cidade fica mais evidente”, opina.

A técnica – Para fazer a fotografia esférica e mostrar esse resultado em 360º, Leonardo Mendonça utiliza alguns equipamentos, boas doses sensibilidade, um olhar apurado para captar os instantes certos e uma edição caprichada.

“Para a fotografia em 360º é necessário um equipamento que fica sobre um tripé, que possibilita captar as imagens nos ângulos corretos, posicionar a câmera em um local que conte a história do que está acontecendo de todos os ângulos, ter paciência e editar as imagens captadas na Spherovision Brasil. Garanto que quem ficou mais encantado fui eu. Embora não seja um frequentador assíduo, já me tornei um integrante do cortejo do Arraial, de coração. Acredito que a fórmula que me levou a chegar aquele resultado foi a alegria dos participantes. Isso acabou me inspirando a ser fiel com a beleza daquele momento”.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Arrastão do Pavulagem chega ao fim

Multidão foi às ruas da capital paraense acompanhar o encerramento da quadra junina do Arraial do Pavulagem

Carimbó, quadrilha, boi-bumbá.  Batuque de alfaias, barricas, marabaixos. Som de maracas, onças, reco-recos, matracas, ganzás, metais. Gente dançando e cantando por todo lado. Colorido e alegria pelas ruas de Belém do Pará, no norte do Brasil. É domingo, 3 de julho, e dia do último Arrastão do Boi Pavulagem  de 2011, o mais antigo cortejo de cultura popular do grupo Arraial do Pavulagem. O evento arrastou mais de 30 mil pessoas para a folia. E marcou a despedida do Arraial da quadra junina, ainda em clima de comemoração pelos 25 anos de atividades culturais na Amazônia, valorizando e divulgando os saberes tradicionais da região.
Roda cantada sob o comando do músico Allan Carvalho

O Arrastão do Pavulagem contou com o patrocínio da VIVO, através da Lei Semear, Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Secretaria de Estado de Cultura e Governo do Pará. A Prefeitura de Belém, a Musikart Produções e uma série de colaboradores apoiaram a realização do evento. O Arrastão saiu da Praça dos Estivadores, depois que o Batalhão da Estrela aqueceu os tambores durante uma roda cantada na concentração do folguedo.

Pontualmente, às 10h30, os mais de 500 brincantes que formam o Batalhão, entre músicos, dançarinos, bonecos cabeçudos, crianças em cavalinhos, senhoras com bandeiras e estandardes e outros integrantes,  percorreram a avenida Presidente Vargas rumo a Praça da República. No local, os mastros de São João, erguidos no último dia 12 de junho, foram derrubados, simbolizando o fim do período junino. Logo após, a banda Arraial do Pavulagem encerrou a programação com um show repleto de participações especiais de artistas do programa CONEXÃO VIVO.


Brincantes percorrem a avenida Presidente Vargas em Belém

Lia Sophia, Felipe Cordeiro, Iva Rothe, Nilson Chaves, Lucinha Bastos, Marco Monteiro e Gaby Amarantos, integram a rede do CONEXÃO VIVO, passaram pelo palco do Pavulagem e deixaram o público em êxtase. “O Trilogia (Nilson, ucinha e Marco) foi o ápice do show”, disse a universitária Pauline Protásio, 19, integrante do Batalhão da Estrela e fã de carteirinha do trio.
O CONEXÃO VIVO  reúne centenas de projetos musicais de todo o Brasil, como o Arraial do Pavulagem. São shows, festivais independentes, gravação de CDs e DVDs, produção de videoclipes, programas de rádio, oficinas e seminários que compõem uma rede nacional e permanente de atividades culturais envolvendo artistas, gestores e produtores culturais, iniciativas públicas e privadas. Além disso, o programa também está presente em muitas das mais importantes iniciativas da cena musical brasileira, seja com o patrocínio de projetos ou parcerias artísticas em eventos de destaque no calendário nacional, e festivais independentes.
Público dança ao som do Arraial do Pavulagem na Pça da República

           Espaço para todos - Outros músicos locais que não integram o programa cultural da VIVO também participaram do show, como Allan Carvalho, o grupo Lúcio Mousinho, Luê Soares, entre outros. 

O universitário Pablo Lopes, de 22 anos, veio de Espírito Santo passar férias na cidade. Paraense de Belém do Pará, ele participou pela primeira vez do cortejo e ficou impressionado com a festa. “Eu nunca tive oportunidade de vir, porque sempre tava trabalhando ou estudando. Achei maravilhoso. Fiquei sabendo através de amigos que me disseram como o evento realça o folclore da região, onde tem alegria, músicas legais, pessoas bonitas e um sentimento de promover a alegria”, opinou.



Batalhão da Estrela
Felipe Cordeiro, depois de se apresentar para a plateia de São Paulo no Terruá Pará – festival organizado pelo Governo Pará que divulga a cultura paraense no sudeste do país  -, se dividia entre a responsabilidade de enfrentar o público ‘pavuleiro’ e a emoção de estar no local.
“É uma alegria sem tamanho. Eu vim tantas vezes acompanhar o Arrastão e a cada ano tem mais gente. Dá um nervoso. O Arraial é um dos movimentos culturais de forte foco na sociedade que mais deram certo na cultura popular brasileira. Espero que cada vez mais o Brasil possa se dar conta dessa conquista de Belém  e da cultura paraense”, desejou Felipe.


Boi Pavulagem

História - A banda Arraial do Pavulagem tem 25 anos de atividades e nasceu no final da década de 80, onde um grupo de músicos e compositores paraenses tinha como proposta valorizar e difundir a música de raiz produzida na região amazônica, além de construir uma relação mais próxima com o público
O Arraial do Pavulagem teve várias formações e atualmente conta com os músicos que fundaram o grupo, Júnior Soares (violonista, arranjador, banjista, cantador, percussionista e compositor) e Ronaldo Silva (compositor, percussionista, cantador e pesquisador), além de novos integrantes: Rafael Barros (percussão), Rubens Stanislaw (contrabaixo), Marcelo Fernandes (guitarra), Edgar Júnior (percussão) e Franklin Furtado (percussão).
Ao longo de mais de duas décadas de existência, o Arraial gravou sete discos: Gente da Nossa Terra (1995), Sotaque do Reggae Boi (1996), Arrastão do Pavulagem (2001), Folias do Marajó (2002), Arraial do Pavulagem – Ao Vivo (2003), Música do Litoral Norte (2004) e Rota da Estrela (2006).  E já percorreu 14 Estados do Brasil pelo projeto Sonora Brasil, do Sesc, em 2006.
Os músicos criaram em 2003 o Instituto Arraial do Pavulagem, uma organização da sociedade civil organizada sem fins lucrativos. O Instituto desenvolve a construção dos cortejos realizados ao longo do ano que saem pela cidade e terminam com shows da banda. São três grandes cortejos: o Cordão do Peixe-Boi (em março), o Arrastão do Boi Pavulagem (durante a quadra junina) e o Arrastão do Círio (em outubro).  Para levar os cortejos para as ruas, ocorrem oficinas e ensaios de dança, percussão, canto popular e artes circenses, além de ofícios partilhados – atividades geradoras de renda feitas por artífices e brincantes que fazem os objetos cênicos dos arrastões.
Desde 2005, as atividades são potencializadas pelo Ponto de Cultura Arraial do Saber, projeto do Instituto em parceria com o Ministério da Cultura, por meio do programa Cultura Viva.

Assessoria de Imprensa Instituto Arraial do Pavulagem – Yorranna Oliveira (91) 9124-6929.