terça-feira, 5 de julho de 2011

Arrastão do Pavulagem chega ao fim

Multidão foi às ruas da capital paraense acompanhar o encerramento da quadra junina do Arraial do Pavulagem

Carimbó, quadrilha, boi-bumbá.  Batuque de alfaias, barricas, marabaixos. Som de maracas, onças, reco-recos, matracas, ganzás, metais. Gente dançando e cantando por todo lado. Colorido e alegria pelas ruas de Belém do Pará, no norte do Brasil. É domingo, 3 de julho, e dia do último Arrastão do Boi Pavulagem  de 2011, o mais antigo cortejo de cultura popular do grupo Arraial do Pavulagem. O evento arrastou mais de 30 mil pessoas para a folia. E marcou a despedida do Arraial da quadra junina, ainda em clima de comemoração pelos 25 anos de atividades culturais na Amazônia, valorizando e divulgando os saberes tradicionais da região.
Roda cantada sob o comando do músico Allan Carvalho

O Arrastão do Pavulagem contou com o patrocínio da VIVO, através da Lei Semear, Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Secretaria de Estado de Cultura e Governo do Pará. A Prefeitura de Belém, a Musikart Produções e uma série de colaboradores apoiaram a realização do evento. O Arrastão saiu da Praça dos Estivadores, depois que o Batalhão da Estrela aqueceu os tambores durante uma roda cantada na concentração do folguedo.

Pontualmente, às 10h30, os mais de 500 brincantes que formam o Batalhão, entre músicos, dançarinos, bonecos cabeçudos, crianças em cavalinhos, senhoras com bandeiras e estandardes e outros integrantes,  percorreram a avenida Presidente Vargas rumo a Praça da República. No local, os mastros de São João, erguidos no último dia 12 de junho, foram derrubados, simbolizando o fim do período junino. Logo após, a banda Arraial do Pavulagem encerrou a programação com um show repleto de participações especiais de artistas do programa CONEXÃO VIVO.


Brincantes percorrem a avenida Presidente Vargas em Belém

Lia Sophia, Felipe Cordeiro, Iva Rothe, Nilson Chaves, Lucinha Bastos, Marco Monteiro e Gaby Amarantos, integram a rede do CONEXÃO VIVO, passaram pelo palco do Pavulagem e deixaram o público em êxtase. “O Trilogia (Nilson, ucinha e Marco) foi o ápice do show”, disse a universitária Pauline Protásio, 19, integrante do Batalhão da Estrela e fã de carteirinha do trio.
O CONEXÃO VIVO  reúne centenas de projetos musicais de todo o Brasil, como o Arraial do Pavulagem. São shows, festivais independentes, gravação de CDs e DVDs, produção de videoclipes, programas de rádio, oficinas e seminários que compõem uma rede nacional e permanente de atividades culturais envolvendo artistas, gestores e produtores culturais, iniciativas públicas e privadas. Além disso, o programa também está presente em muitas das mais importantes iniciativas da cena musical brasileira, seja com o patrocínio de projetos ou parcerias artísticas em eventos de destaque no calendário nacional, e festivais independentes.
Público dança ao som do Arraial do Pavulagem na Pça da República

           Espaço para todos - Outros músicos locais que não integram o programa cultural da VIVO também participaram do show, como Allan Carvalho, o grupo Lúcio Mousinho, Luê Soares, entre outros. 

O universitário Pablo Lopes, de 22 anos, veio de Espírito Santo passar férias na cidade. Paraense de Belém do Pará, ele participou pela primeira vez do cortejo e ficou impressionado com a festa. “Eu nunca tive oportunidade de vir, porque sempre tava trabalhando ou estudando. Achei maravilhoso. Fiquei sabendo através de amigos que me disseram como o evento realça o folclore da região, onde tem alegria, músicas legais, pessoas bonitas e um sentimento de promover a alegria”, opinou.



Batalhão da Estrela
Felipe Cordeiro, depois de se apresentar para a plateia de São Paulo no Terruá Pará – festival organizado pelo Governo Pará que divulga a cultura paraense no sudeste do país  -, se dividia entre a responsabilidade de enfrentar o público ‘pavuleiro’ e a emoção de estar no local.
“É uma alegria sem tamanho. Eu vim tantas vezes acompanhar o Arrastão e a cada ano tem mais gente. Dá um nervoso. O Arraial é um dos movimentos culturais de forte foco na sociedade que mais deram certo na cultura popular brasileira. Espero que cada vez mais o Brasil possa se dar conta dessa conquista de Belém  e da cultura paraense”, desejou Felipe.


Boi Pavulagem

História - A banda Arraial do Pavulagem tem 25 anos de atividades e nasceu no final da década de 80, onde um grupo de músicos e compositores paraenses tinha como proposta valorizar e difundir a música de raiz produzida na região amazônica, além de construir uma relação mais próxima com o público
O Arraial do Pavulagem teve várias formações e atualmente conta com os músicos que fundaram o grupo, Júnior Soares (violonista, arranjador, banjista, cantador, percussionista e compositor) e Ronaldo Silva (compositor, percussionista, cantador e pesquisador), além de novos integrantes: Rafael Barros (percussão), Rubens Stanislaw (contrabaixo), Marcelo Fernandes (guitarra), Edgar Júnior (percussão) e Franklin Furtado (percussão).
Ao longo de mais de duas décadas de existência, o Arraial gravou sete discos: Gente da Nossa Terra (1995), Sotaque do Reggae Boi (1996), Arrastão do Pavulagem (2001), Folias do Marajó (2002), Arraial do Pavulagem – Ao Vivo (2003), Música do Litoral Norte (2004) e Rota da Estrela (2006).  E já percorreu 14 Estados do Brasil pelo projeto Sonora Brasil, do Sesc, em 2006.
Os músicos criaram em 2003 o Instituto Arraial do Pavulagem, uma organização da sociedade civil organizada sem fins lucrativos. O Instituto desenvolve a construção dos cortejos realizados ao longo do ano que saem pela cidade e terminam com shows da banda. São três grandes cortejos: o Cordão do Peixe-Boi (em março), o Arrastão do Boi Pavulagem (durante a quadra junina) e o Arrastão do Círio (em outubro).  Para levar os cortejos para as ruas, ocorrem oficinas e ensaios de dança, percussão, canto popular e artes circenses, além de ofícios partilhados – atividades geradoras de renda feitas por artífices e brincantes que fazem os objetos cênicos dos arrastões.
Desde 2005, as atividades são potencializadas pelo Ponto de Cultura Arraial do Saber, projeto do Instituto em parceria com o Ministério da Cultura, por meio do programa Cultura Viva.

Assessoria de Imprensa Instituto Arraial do Pavulagem – Yorranna Oliveira (91) 9124-6929.

2 comentários:

  1. Acompanho o arrastão do Arraial do Pavulagem desde criancinha mesmo (estou com 22 anos atualmente), meus pais adoravam e me levavam. Naquela época não tinha tanta gente quanto hoje, mas a animação é a mesma, muuuito vibrante =) eu amo o Arraial, me sinto tão bem quando ouço.

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  2. Uma pena que essa maravilhosa programação da cultura amazônica (pareense) chegou ao fim. Agora é torcer pra que uma próxima edição não tarde.
    Beijos!

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