Peixe-Boi na Escadinha da Estação das Docas (Foto: Alexandre Nascimento) |
Nesta terça-feira (15), o Instituto Arraial do Pavulagem retoma as atividades para o 9º Cordão do Peixe-Boi, com o início dos ensaios de dança, percussão e artes circenses que vão até o dia 25 de março, em frente à sede do Instituto, no bairro da Campina em Belém. O Cordão é um cortejo de cultura popular, criado em 2003, que abre a programação anual do Instituto Arraial do Pavulagem.
Em 2011, o Cordão do Peixe-Boi completa nove anos de reflexão sobre o papel do homem e da cultura popular diante da natureza. Nove anos de exercício de cidadania cultural e ambiental na Amazônia, que ganham vida na figura do peixe-boi, um brinquedo construído para simbolizar a preocupação com o meio ambiente. O brinquedo vem da Praça Princesa Isabel, trazido de barco pelas águas da Baía do Guajará até a Escadinha da Estação das Docas e segue pelo Centro Histórico da cidade e deságua, a partir deste ano, na Praça dos Estivadores, no bairro da Campina.
O peixe-boi emerge do rio, sobrevoando e guarnecendo a multidão, que o acolhe na chegada à orla de Belém. O brinquedo carrega com ele a denúncia da degradação ambiental, como a caça predatória, a poluição dos rios, o desmatamento, entre outras ações do homem.
“Ele surgiu como uma necessidade de trabalhar um ciclo de atividades para o ano inteiro. Ao longo dos nossos cortejos de junho, começamos a perceber a história do lixo ficando, da bebida, do espaço da criança, do idoso. Então a gente criou um brinquedo que ia considerar o ser humano e o planeta como prioridades, de como gente pode acrescentar na cultura as humanidades, o conceito de responsabilidade ambiental”, explica o músico e pesquisador cultural Ronaldo Silva, do Instituto Arraial do Pavulagem.
Retorno às origens
Depois de oito anos, o Cordão do Peixe-Boi foi retirado do período carnavalesco. O evento em 2011 será realizado no dia 27 de março - uma estratégia adotada pelo Instituto para evitar comparações com o Carnaval e com a proposta cultural da festa. “Nós nunca fomos um projeto de Carnaval”, reitera Ronaldo Silva. Numa tentativa de superar as distorções vinculadas ao cortejo ao longo do tempo, sem perder a qualidade da festa, o Instituto levantou o estandarte da cultura popular contra o consumo de bebida alcoólica, por exemplo. “Ele é um espaço de educação cultural e não pode ter bebida”, opina Walter Figueiredo, produtor dos cortejos do Instituto.
Segundo os organizadores do Cordão, mudar a data e até mesmo o horário do tradicional evento do Instituto Arraial do Pavulagem, não pode nem ser classificado como uma mudança. Mas, sim, uma atitude de preservação da própria essência do projeto.
“Precisamos fazer uma diferença entre a alegria e o delírio. A bebida não pode ser comparada com exercício cultural, ela deixa uma atmosfera de inviabilidade social. Por isso vamos acionar o poder público para pedir uma orientação de conduta, para utilizarmos a Praça dos Estivadores sem a presença da bebida, pedir um auxílio para continuarmos melhorando a nossa ação”, adianta Ronaldo.
“Precisamos fazer uma diferença entre a alegria e o delírio. A bebida não pode ser comparada com exercício cultural, ela deixa uma atmosfera de inviabilidade social. Por isso vamos acionar o poder público para pedir uma orientação de conduta, para utilizarmos a Praça dos Estivadores sem a presença da bebida, pedir um auxílio para continuarmos melhorando a nossa ação”, adianta Ronaldo.
O incômodo com as dissonâncias acumuladas no decorrer dos anos tem sido motivo de reflexão entre os colaboradores e participantes do Instituto. A preocupação em manter o cortejo como um espaço para a família, para o cuidado com o outro e com o planeta, levou a se repensar até mesmo o trajeto da edição de 2011 e dos próximos anos.
“O que está em jogo aqui é preservar a experiência do Cordão como algo bom. A gente precisa deixar claro, para a sociedade e para as pessoas que têm carinho pelo Arraial, que nós não estamos de acordo com a utilização do espaço público com irresponsabilidade. Somos uma escola sem paredes e a cultura precisa estar sintonizada com a educação, com a geração de renda, com a tranquilidade. Tiramos o brinquedo de um período em que o poder público está cheio de demandas de todos os lados, para manter as relações dentro de um nível civilizado”, avalia Silva.
A concentração do Cordão do Peixe-Boi 2011 começa às 7h na Escadinha da Estação das Docas. Mas quem acordar mais cedo, poderá acompanhar ainda o “Brilho da Aurora”, uma alvorada repleta de muita música, organizada pelo Instituto às 5 horas, prevista para ocorrer também na Escadinha. O grupo Arraial do Pavulagem e convidados se apresentam logo após a chegada do cortejo à Praça dos Estivadores, programada para às 10 horas.
Acompanhe o cronograma do evento:
5h | ALVORADA – “BRILHO DA AURORA” |
7h | CONCENTRAÇÃO NA ESCADINHA |
8h | CHEGADA DO BARCO “ACOLHIMENTO” |
8h | SAÍDA DO CORTEJO |
10h | CHEGADA À PRAÇA DOS ESTIVADORES/RODA ANCESTRAL |
10h | SHOW COM ARRAIAL DO PAVULAGEM E CONVIDADOS |
12h | ENCERRAMENTO |
Veja o novo percurso do cortejo no mapa abaixo (nossa proposta encaminhada para a CTbel, falta bater o martelo final sobre a viabilidade!):
Fonte: Google
Legenda:
Concentração do cortejo: Escadinha da Estação das Docas (Praça Pedro Teixeira)
Trajeto/Ida: Boulevard Castilhos França – Avenida Portugal
Trajeto/Volta: Avenida Portugal – Rua 15 de novembro - Rua Gaspar Viana – Travessa Frutuoso Guimarães – Boulevard Castilhos França
Chegada: Praça dos Estivadores
Texto: Assessoria de Imprensa Instituto Arraial do Pavulagem
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