domingo, 5 de junho de 2011

Vem dançar!


O corpo traduz sentimentos, histórias e preserva a memória de uma vida. É através dele que o som ganha movimentos. Imagem. E nos cortejos do Arraial do Pavulagem não poderia ser diferente. O som que vem dos instrumentos do Batalhão da Estrela vira energia pura nas coreografias de quem participa das oficinas e ensaios de dança do Instituto Arraial do Pavulagem e que depois transporta para a rua, a beleza dos movimentos ritmados pelo carimbó, pela quadrilha e pelo boi-bumbá - sonoridades que tomam conta das ruas de Belém durante o Arrastão do Pavulagem nos meses de junho e julho. 

Patrícia (de blusa amarela) e Cida (à esquerda) durante ensaios

Foi por causa da importância que a dança tem para e para a vida que equipe do Blog resolveu entrevistar os instrutores de dança do Instituto Arraial do Pavulagem. Conheça um pouquinho da história e do trabalho de cada um deles.

Nome: Patrícia Ventura Barbosa/ Idade: 38/Profissão: Assistente Social/Há quanto tempo está no Arraial? 7 anos.
Nome: Maxnildo Soares do Nascimento/Idade: 39/Profissão: Arte-educador/Há quanto tempo está no Arraial? 13 anos.
Nome: Maria Aparecida Brito de Sousa, conhecida como Cida Sousa/Idade: 29/Profissão: Professora de História/Há quanto tempo está no Arraial? 4 anos.

Arraial do Saber: Como conheceu o Arraial?
Max Soares: Queria uma concepção mais paraense. Conheci o Júnior (Soares), o Rui (Baldez) e o Ronaldo (Silva) fazendo show em um caminhão, acompanhando o lançamento de Cd’s como o Via Norte (Ronaldo Silva) e Sotaque de Reggae Boi (Arraial do Pavulagem).

Patrícia Ventura: Tudo foi por um acaso. Conheci o grupo na Praça da República, mas [na época] não tinha essa dimensão de hoje em dia. Ao passar do tempo fui buscando conhecimentos e tive no Max uma referência de cultura popular paraense, sendo que minha vida cultural era toda voltada ao Maranhão.

Cida Souza: Ao participar das oficinas de dança.

Arraial do Saber: Quando virou instrutora?
Max Soares: No início participei das oficinas e no segundo dia o (então) instrutor deixou de ir e eu assumi o lugar dele.

Patrícia Ventura: Logo quando entrei, descobri que tinha vagas para instrutor da dança. Me inscrevi e estou aqui até hoje.

Cida Souza: Ao participar das oficinas logo fui chamada pelo Max para fazer parte da equipe do Arraial.

Arraial do Saber: O que é trabalhado nas oficinas?
Max Soares: A oportunidade de criar.

Patrícia Ventura: Mostrar a origem das manifestações tradicionais, mas com uma releitura dos nossos hábitos urbanos.

Cida Souza: Apresento a história das danças, os movimentos corporais básicos buscando trazer um novo olhar, uma nova interpretação. Sempre usando o conhecimento acadêmico-científico aliado com o popular-tradicional, ajudando que cada um crie seu próprio conceito de cultura.

Arraial do Saber: Qual a diferença dos cortejos de junho pros demais?
Max Soares: Todo arrastão têm diferenças e elas são naturais. No de junho, procuramos trazer os elementos do folguedo do boi, como os movimentos do Pai Francisco (personagem do folguedo que mata o boi para dar à língua para a esposa grávida, Catirina) e Catirina (mulher de pai Francisco no folguedo popular do boi-bumbá, que grávida, deseja comer a língua do boi).

Patrícia Ventura: O cortejo de junho chama mais atenção por ter sido o primeiro a ser realizado. 

Cida Souza: O de junho é o mais completo pela quantidade de arrastões onde em casa um há energias diferentes e temos mais oportunidade de estender o que foi trabalhado nas oficinas.

Arraial do Saber: Quais os ritmos trabalhados nos cortejos de junho? Fale um pouco sobre os ritmos e o que os caracterizam.
Max Soares: Boi-bumbá, carimbó e quadrilha.Neste ano estamos fazendo intercâmbio, dialogando com os elementos do bumba-meu-boi do Maranhão, que é semelhante. É importante dizer que o Arraial do Pavulagem não é um grupo de boi.O Carimbó é da nossa terra, nosso som e não poderia ficar de fora.Na quadrilha, estamos resgatando o modo de dançar juntinho, da maneira mais tradicional.

Patrícia Ventura: Trabalhamos o carimbó, boi-bumbá e quadrilha. O carimbo é nossa manifestação máxima, é o som que sai dos nossos tambores. O boi-bumbá é nossa influência nordestina e o Arraial do Pavulagem é uma das expressões de boi em Belém. Na quadrilha trabalhamos o resgate das danças de salões e terreiros, com o par junto e agarradinho.

Cida Souza: No boi-bumbá ou bumba-meu-boi trouxemos a movimentação cênica de personagens que compõe o folguedo do boi como a Catirina, Cazumbá e Cavalinho. O carimbo é o resgate das raízes com um olhar atual. Na quadrilha dos cortejos é valorizado o “arrasta-pé”.

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